Meio Ambiente

Itaú BBA aponta potencial para evitar 3,5 bilhões de toneladas de CO₂ com conversão de pastagens no Brasil

Estudo aponta que a transformação sustentável das pastagens pode contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono no país, impulsionando a agenda ambiental e econômica


Publicado em: 11/06/2025 às 11:35hs

Itaú BBA aponta potencial para evitar 3,5 bilhões de toneladas de CO₂ com conversão de pastagens no Brasil
Potencial ambiental e econômico da conversão de pastagens

O Itaú BBA divulgou um estudo que destaca o enorme potencial do Brasil para evitar até 3,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) ao converter 28 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas agrícolas produtivas. Essa transformação, segundo o banco, contribuiria para a redução do desmatamento, já que cada hectare convertido evita a abertura de novas áreas de vegetação nativa.

Áreas prioritárias para a conversão

Conforme dados da Embrapa, o Brasil possui cerca de 28 milhões de hectares de pastagens com níveis intermediários a severos de degradação, mas com aptidão para a agricultura. Os estados com maior potencial são:

  • Mato Grosso (5,1 milhões de hectares)
  • Goiás (4,7 milhões de hectares)
  • Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de hectares)
  • Minas Gerais (4,0 milhões de hectares)
  • Pará (2,1 milhões de hectares)
Fatores técnicos para a conversão

Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, explica que a conversão depende de condições adequadas de clima, topografia e altitude, além do nível de degradação das pastagens, o que pode influenciar os custos das operações de recuperação e conversão.

Investimentos necessários

O relatório do Itaú BBA estima que a conversão completa dos 28 milhões de hectares exigiria um investimento total de R$ 482,6 bilhões, incluindo maquinário e infraestrutura. No entanto, considerando apenas insumos e operações em propriedades já equipadas, o valor cai para R$ 188,7 bilhões.

Programa REVERTE®️ e parcerias estratégicas

Lançado em 2019 pela Syngenta, com o Itaú BBA como parceiro financeiro, o programa REVERTE®️ é a maior iniciativa privada focada na conversão de áreas degradadas no país. Inicialmente implementado em Mato Grosso, Goiás e Maranhão, o programa já se expandiu para outras regiões, incluindo o Paraguai, com apoio da organização The Nature Conservancy (TNC) para atuação no bioma Cerrado.

André Savino, presidente da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil, destaca o alinhamento do programa com as metas de sustentabilidade, focando em produtividade com menor impacto ambiental e regeneração dos solos.

Importância do crédito e coordenação estratégica

Francisco Queiroz reforça que o diferencial do REVERTE®️ está no o ao crédito com condições adequadas ao ciclo de retorno do investimento. Ele ressalta a oportunidade do Brasil liderar uma revolução tropical sustentável, integrando políticas públicas, financiamento privado e ciência agronômica para garantir impactos positivos na economia, clima e sociedade.

Impactos na produção agrícola

A conversão das pastagens pode elevar significativamente a produção nacional de grãos:

  • A soja, que hoje ocupa 47,5 milhões de hectares, poderia crescer 59% com a incorporação de 28 milhões de hectares, resultando em mais de 100 milhões de toneladas adicionais — equivalente a duas safras do Mato Grosso ou duas da Argentina.
  • Na segunda safra de milho (milho safrinha), a área pode crescer 10,2 milhões de hectares, com um incremento estimado de 52,8 milhões de toneladas.
  • No total, soja e milho juntos poderiam adicionar 158 milhões de toneladas à safra nacional, representando um aumento de 52% sobre a produção atual de 300 milhões de toneladas.
Valorização fundiária e benefícios econômicos

Além do impacto na produção, o estudo projeta uma valorização fundiária de até R$ 904 bilhões nas áreas convertidas. O aumento da produção agrícola também deve gerar externalidades positivas, como maior competitividade da cadeia de proteínas animais, intensificação da pecuária de corte e expansão da oferta de biocombustíveis.

Essa análise evidencia o potencial do Brasil para crescer economicamente de forma sustentável, aproveitando áreas já degradadas e fortalecendo sua posição no mercado agrícola global.

Fonte: Portal do Agronegócio

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