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Dólar recua com foco na inflação dos EUA, acordo comercial com China e medidas fiscais do governo brasileiro

Mercado financeiro acompanha desdobramentos econômicos globais e locais nesta quarta-feira (11)


Publicado em: 11/06/2025 às 10:55hs

Dólar recua com foco na inflação dos EUA, acordo comercial com China e medidas fiscais do governo brasileiro

O dólar apresenta queda de 0,22% nesta quarta-feira (11), cotado a R$ 5,5576 às 10h27, após encerrar a sessão anterior em alta de 0,14%, a R$ 5,5699. Já o Ibovespa registra recuo de 0,37%, aos 135.931 pontos, após avanço de 0,54% na terça-feira, quando fechou em 136.436 pontos.

Investidores estão atentos a uma série de fatores que influenciam os mercados, como o índice de inflação dos Estados Unidos, negociações comerciais entre EUA e China e o novo pacote fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Inflação dos Estados Unidos desacelera

O índice de preços ao consumidor (I), principal medida de inflação nos EUA, subiu 0,1% em maio — abaixo do avanço de 0,2% registrado em abril. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 2,4%, um pouco superior aos 2,3% anteriores, mas abaixo da expectativa do mercado, que previa um aumento anual de 2,5%.

O resultado alimenta a percepção de que o Federal Reserve (Fed) deve manter os juros inalterados na próxima reunião, marcada para o dia 18 de junho. O banco central americano busca uma inflação de 2% ao ano como meta.

Segundo analistas, os efeitos das tarifas comerciais impostas pelos EUA ainda são limitados, pois parte dos produtos em estoque foi adquirida antes da implementação das novas taxas.

EUA e China buscam retomada da trégua comercial

Após dois dias de negociações em Londres, autoridades dos Estados Unidos e da China anunciaram um princípio de acordo para restaurar a trégua na guerra comercial entre os dois países. O entendimento ainda precisa ser aprovado pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping.

Na manhã desta quarta-feira, Trump confirmou que o acordo "está fechado" e destacou que o relacionamento com a China "está excelente".

Os mercados monitoram de perto o andamento das negociações, que têm potencial de impactar cadeias produtivas globais e o desempenho das empresas, especialmente às vésperas do período de compras de fim de ano. Um agravamento das tarifas pode pressionar a inflação e reduzir o consumo, o que aumentaria o risco de recessão na economia global.

Novo pacote fiscal de Haddad entra no radar do mercado

No Brasil, o foco segue sobre as propostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para compensar a provável revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As medidas foram confirmadas nesta terça-feira (10), após reunião entre Haddad e o presidente Lula, e serão encaminhadas ao Congresso.

Entre os pontos principais do pacote estão:

  • Fim da isenção de IR para LCI e LCA, com alíquota proposta de 5%;
  • Aumento da CSLL para instituições financeiras, que aria de 9% para até 20%, incluindo fintechs;
  • Elevação da taxação sobre apostas esportivas, de 12% para 18%;
  • Unificação do IR sobre aplicações financeiras, com alíquota de 17,5% (hoje entre 15% e 22,5%, a depender do prazo da aplicação).

Além disso, o governo pretende reduzir o gasto tributário em pelo menos 10% e avaliar cortes nas despesas primárias.

Apesar das intenções, o mercado reagiu com cautela. Especialistas defendem que a prioridade do governo deveria ser a eficiência dos gastos públicos e reformas estruturais, em vez do aumento da carga tributária.

Impacto das últimas medidas no mercado

A tentativa inicial de aumentar o IOF, anunciada há pouco mais de duas semanas, gerou forte reação negativa. O governo recuou da proposta no mesmo dia, diante da pressão do mercado e da sinalização do Congresso de que poderia derrubar o decreto — o que não ocorre há mais de duas décadas.

Diante do ime, o governo federal iniciou negociações com os presidentes da Câmara e do Senado em busca de alternativas de compensação para manter o equilíbrio fiscal. Um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano também foi anunciado como parte do esforço para cumprir a meta fiscal.

Desempenho acumulado
  • Dólar
    • Semana: +0,01%
    • Mês: -2,59%
    • Ano: -9,87%
  • Ibovespa
    • Semana: +0,25%
    • Mês: -0,43%
    • Ano: +13,43%

A combinação de eventos internacionais e medidas econômicas locais segue moldando o cenário dos mercados nos próximos dias, com expectativa elevada para as decisões de política monetária nos Estados Unidos e para o trâmite do novo pacote fiscal no Brasil.

*Com informações da agência de notícias Reuters.

Fonte: Portal do Agronegócio

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