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Nova tributação sobre LCAs pode elevar custo do crédito rural e impactar produtores

Tributação de 5% nas LCAs preocupa setor agrícola


Publicado em: 11/06/2025 às 19:40hs

Nova tributação sobre LCAs pode elevar custo do crédito rural e impactar produtores

O recente anúncio do governo federal de aplicar uma alíquota de 5% sobre as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) traz preocupação ao mercado de crédito rural no Brasil. A avaliação é de José Carlos de Lima Júnior, sócio da Markestrat Group e cofundador da Harven Agribusiness School, que alerta para os possíveis efeitos negativos dessa medida sobre o financiamento agrícola.

LCAs são essenciais para o financiamento do agronegócio

Atualmente, as LCAs respondem por cerca de 40% a 50% das operações de crédito para a agricultura empresarial, constituindo uma das principais fontes privadas de recursos para o setor.

“A LCA é a base para captação dos recursos financeiros que sustentam o crédito ao produtor rural”, explica Lima Júnior.

Na safra 2023/24, as LCAs financiaram aproximadamente R$ 158 bilhões, representando 40% do total disponível. Para a safra 2024/25, a projeção é de R$ 108 bilhões em financiamentos por meio desse instrumento.

Impacto da tributação no custo do crédito

Com a introdução da tributação, os investidores devem exigir retornos mais altos para continuar aplicando em LCAs. Isso gera pressão sobre os bancos, que podem aumentar as taxas de juros readas aos produtores rurais.

Estima-se que um acréscimo de 1 a 2 pontos percentuais no custo de captação das LCAs resulte em um aumento de 0,5 a 1,5 ponto percentual nos juros finais para o agricultor, dependendo dos prazos de financiamento.

Cenário desafiador para o Plano Safra 2025/26

O aumento no custo do crédito ocorre em um contexto de taxa Selic elevada, atualmente em 14,75%, e crescimento da dívida pública, dificultando a oferta de juros atrativos para o agronegócio.

“Com as condições atuais, é pouco provável que o Plano Safra 2025/26 ofereça taxas competitivas para o setor”, afirma Lima Júnior.

Contraste com medidas recentes do CMN

A nova tributação contrasta com iniciativas recentes do Conselho Monetário Nacional (CMN), que em maio ampliou o prazo mínimo de permanência nas LCAs para fortalecer a base de captação de recursos do setor.

Embora o objetivo declarado da taxação seja manter a estabilidade, a medida pode comprometer a função principal das LCAs: fomentar investimentos produtivos no campo e impulsionar o desenvolvimento regional.

A nova taxação sobre as Letras de Crédito do Agronegócio ameaça aumentar o custo do crédito rural no Brasil, elevando os juros para os produtores e impactando negativamente o financiamento agrícola, justamente em um momento de alta na taxa básica de juros e desafios econômicos para o setor.

Fonte: Portal do Agronegócio

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